Primos à Flor da Emoção
Fora criada sem a presença dos primos, parentesco que lhe soava comum aos olhos das suas amizades.
A vida traçou caminhos à revelia dos fatos e dos parentescos.
Afastados, eram dois desconhecidos na fila de autoatendimento de um banco.
Ele, do alto dos seus quase setenta anos e um belo par de olhos azuis; ela beirando sessenta, baixinha, e olhos também azuis acompanhada do seu filho mais velho.
Algo soou familiar quando os olhares se entrecruzaram ao acaso.
Resolvidos, ela sobe a escada em direção ao andar superior.
O filho, ainda no térreo, ouve seu nome solicitado num microfone: “Fulano, sua mãe o aguarda no andar superior”.
Ao soar do sobrenome o primo dirigiu-se ao rapaz.
“Olá, tudo bem? Temos o mesmo sobrenome. Você é filho de quem?
Subiram ao encontro da mãe do rapaz.
Entre apresentações e lembrança, redescobriram-se, entre lágrimas, primos-irmãos.
Cinquenta e cinco anos resumidos a 5 minutos numa sobreloja dum banco qualquer.
- Tão perto, tão longe ... ela disse
- Coisas da vida, ele retrucou ...
Sem lembranças a compartilhar, apenas algumas informações a trocar, despediram-se.
O tempo retomou suas vidas.
Apenas primos à flor da emoção!
14 05 2018
Rogoldoni
Classificado em terceiro lugar e publicada Na Antologia Contos, Crônicas e Historietas, Editora Somar, 2018.
Rosângela de Souza Goldoni
Enviado por Rosângela de Souza Goldoni em 01/07/2018
Alterado em 07/11/2018
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