Prosa em Poética Madura
Filha mais velha de três irmãos, sentia-se sozinha.
Entre idades, um fosso nas brincadeiras.
Limitava-se aos amigos imaginários.
Casa de amigos ou amigos em casa (os reais) nem pensar.
Afinal, como no velho ditado, “um é pouco, dois é bom, três é demais”. Ou melhor, naquela casa, suficiente para aquela mãe totalmente do lar.
Num certo momento centrou-se nas leituras.
Era tudo que poderia ter e fazer.
Das leituras, aventuras nos livros do ginásio.
Viajou tanto que conheceu meio mundo numa virtual dimensão inimaginável à época.
Estudava longe (sim, uma das melhores escolas pública do município vizinho); tão longe de casa e da sua realidade social que só lhe restava ser a primeira aluna da classe.
E pela distância da realidade não poderia participar dos grupinhos de trabalhos de adolescência.
A mãe explicava, a professora entendia, a mocinha sozinha.
Classificou-se no vestibular em troca de uma bolsa.
Vida corrida e passada; filhos e neto, uma estrada.
Hoje a senhora do só ser entendeu que sua melhor companhia implicitamente (con)vive plena de si, exala poesia madura e, no seu olhar, ainda resiste um quê de futuro.
Rogoldoni
02 08 2019
revisado em 03 01 2020 para publicação
Rosângela de Souza Goldoni
Enviado por Rosângela de Souza Goldoni em 04/08/2019
Alterado em 03/01/2020
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